No dia 16 de outubro de 2023 foi publicada a nova Diretriz da Organização Mundial de Saúde (OMS) para alimentação complementar de bebês e crianças pequenas de 6 a 23 meses de idade. Esta diretriz apresenta 7 recomendações globais, baseadas em evidências científicas sobre a alimentação complementar de lactentes e crianças nessa faixa etária, considerando as necessidades das crianças amamentadas e não amamentadas.
A OMS baseou-se em estudos abrangentes e recentes sobre as vantagens e desvantagens de várias práticas alimentares para elaborar essa nova Diretriz, reconhecendo a importância de tratar cada criança individualmente. É essencial investigar o crescimento inadequado, o excesso de peso e outros resultados adversos, tomando medidas apropriadas.
Este artigo se concentrará na primeira recomendação da OMS, e nos próximos artigos deste blog, abordaremos cada uma delas em detalhes.
Recomendação 1: Amamentação Até 2 Anos de Idade ou Mais
A OMS reforça a importância da amamentação até os 2 anos de idade ou mais, com base em diversas pesquisas. A amamentação deve ser incentivada e um ambiente favorável para a amamentação ajuda a influenciar a decisão das mães de manter a amamentação por mais tempo.
O leite materno contribui para atingir as necessidades de macro e micronutrientes até os 2 anos de idade, principalmente no que diz respeito à energia, proteínas e ácidos graxos essenciais, como também vitamina A, cálcio e riboflavina (vitamina B2).
Até 1 ano de idade, a maioria da energia das crianças amamentadas provém do leite materno, e entre 12 a 23 meses, ele ainda é uma fonte significativa de energia, além de outros nutrientes.
Durante o segundo ano de vida, o leite materno continua a fornecer proteção imunológica para a criança através de sua grande variedade de substâncias não nutritivas, que incluem imunoglobulinas, hormônios e proteínas, dentre outras.
Vários estudos mostram que, enquanto o apetite por outros alimentos diminui durante a doença, a amamentação não é afetada, sendo uma importante fonte de nutrição quando as crianças estão doentes.
Além disso, a amamentação tem impactos positivos na saúde materna a curto e longo prazo, podendo ajudar a reduzir o risco de câncer, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e obesidade.
Em crianças pequenas, a continuação da amamentação no segundo ano de vida está associada a um menor risco de gastroenterite aguda e infecções respiratórias.
Em comparação com crianças não amamentadas, aquelas que continuam a ser amamentadas no segundo ano de vida apresentam níveis mais altos de vitamina D, uma vez que as crianças não amamentadas precisam de uma dieta variada para atender às necessidades nutricionais.
A OMS destaca a importância de criar um ambiente favorável à amamentação para todas as mães, com incentivo a políticas públicas. Isso inclui horários de trabalho flexíveis para mães que trabalham fora de casa, acesso a serviços de aconselhamento em amamentação, proteção contra o marketing de substitutos do leite materno e o apoio de profissionais de saúde baseado em evidências.
Como nutricionista materno-infantil, incentivo e oriento a amamentação exclusiva até os 6 meses de idade e a continuação até os 2 anos ou mais, devido aos inúmeros benefícios do leite materno.
As taxas de continuação da amamentação variam amplamente em todo o mundo, porém geralmente caem no segundo ano de vida. Alguns estudos mostram que 70% das crianças entre os 12 e os 15 meses são amamentadas, em comparação com apenas 45% das crianças entre os 20 e os 23 meses.
Vamos cuidar e apoiar a mãe que amamenta!
Em resumo, a OMS reforça a importância da amamentação até 2 anos de idade ou mais, com base em amplas evidências de seus benefícios para a saúde da criança e da mãe. A criação de um ambiente favorável à amamentação é essencial para garantir que mais crianças possam se beneficiar dessas vantagens nutricionais e imunológicas.
Continue acompanhando nosso blog para saber mais sobre as outras recomendações da OMS e como elas afetam a saúde das crianças.
Observação: A OMS alerta que essa Diretriz não atende às necessidades de prematuros e bebês com baixo peso ao nascer, crianças com ou se recuperando de desnutrição aguda e doenças graves, crianças que vivem em emergências ou crianças deficientes.
Quer saber mais sobre a recomendação para o bebê que não está em aleitamento materno? Leia o próximo artigo.
Referência:
WHO Guideline for complementary feeding of infants and young children 6–23 months of age